Por Bruno Santa Cecília
A Capela assenta-se no alto de uma pequena colina junto à sede da Fazenda, onde se localizam as ruínas de uma antiga edificação. Formadas por três espessas paredes que preservam a técnica edilícia da construção de barro e pedra, essas ruínas foram envolvidas por uma estrutura de aço, vidro e madeira e transformadas em altar-mor.
O projeto limita-se à criação de um invólucro formal e construtivamente simples, à semelhança de um galpão, a permitir que as ruínas se mantivessem como o elemento mais importante do espaço, enfatizado pela sua conversão em altar-mor. O novo edifício revela uma atitude respeitosa em relação ao sítio e ao monumento histórico, procurando não apenas assegurar sua integridade mas também não se sobrepor hierarquicamente a eles.
Neste projeto Éolo reeditou o tema miesiano do pavilhão de aço e vidro adaptando-o ao uso religioso. De maneira incomum em sua obra –onde prevalecem as formas estereotômicas e volumes escultóricos, ficando a estrutura oculta ou subjugada ao esquema compositivo principal– no projeto da Capela o espaço é gerado a partir do desenho dos próprios elementos construtivos, sendo que a forma final decorre diretamente do trabalho sobre os aspectos tectônicos da estrutura de aço.
De concisão formal e rigor construtivo sem precedentes na obra de Éolo Maia, a Capela de Santana do Pé do Morro é, sem dúvida, um dos seus projetos mais originais e inventivos, possivelmente sua obra-prima, além de um dos mais belos e significativos exemplares da arquitetura recente de Minas Gerais.
A Capela de Santa do Pé do Morro teve sua qualidade arquitetônica reconhecida através do tombamento do edifício em 2002 pelo Instituo Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.
* Bruno Santa Cecília é arquiteto, mestre e doutorando pela EAUFMG, sócio titular do escritório Arquitetos Associados.
Referências: Bruno Santa Cecília, Éolo Maia: complexidade e contradição na arquitetura brasilieira, Editora UFMG, 2006.